Escalações, dados, matérias detalhadas sobre as partidas do Grêmio completas a partir do ano 2000 | Matérias: Acervo digital do jornal Correio do Povo (www.correiodopovo.com.br) e outras retiradas da Internet

26/11/2005 - Campeonato Brasileiro Série B (6ª rodada da fase final): Náutico 0x1 Grêmio

Inacreditável




Grêmio volta à Série A do Campeonato Brasileiro de cabeça erguida e com mais um título em sua história: campeão da Série B, com 12 pontos ganhos. A conquista veio com a vitória por 1 a 0 sobre o Náutico, sábado, no Estádio dos Aflitos, em um jogo dramático, marcado pela bravura e pela altivez de sete jogadores que, durante dez minutos, honraram a camisa tricolor como poucas vezes se viu na era do futebol profissional.


Mais uma vez, foi tudo muito difícil para o Grêmio. Aos 34 minutos, o zagueiro Domingos fez uma falta desnecessária em Paulo Matos dentro da área. O árbitro marcou pênalti. Bruno Carvalho chutou na trave direita. A sorte começava a favorecer o Grêmio. O Náutico ainda teve duas boas situações, mas Galatto salvou. No segundo tempo, o time pernambucano continuou em cima. Aos 25 minutos, Kuki, o goleador do Náutico, ficou livre para marcar, mas chutou por cima, para desespero da torcida. O Grêmio tentava garantir o empate. A situação começou a ficar complicada aos 33 minutos, quando Escalona, infantilmente, desviou a bola com a mão esquerda. Ele, que já tinha cartão amarelo, foi expulso. Com um jogador a mais, o Náutico apertou ainda mais, buscando o gol da classificação.


No minuto seguinte, Galatto empurrou Miltinho na área, quando era driblado. O árbitro não marcou o pênalti. Aos 35, Djalma Beltrami voltou a errar, agora contra o Grêmio. A bola foi arremessada de fora da área e bateu no braço direito de Nunes. O árbitro marcou pênalti.  Na seqüência, revoltado com o erro da marcação, Patrício correu e jogou o corpo sobre Beltrami. Foi expulso. Cercado pelos jogadores, o árbitro acabou expulsando também o volante Nunes. Houve invasão de dirigentes do Grêmio. Depois, Domingos, ao tentar impedir a cobrança do pênalti, também foi expulso.


A partida recomeçou aos 61 minutos. O Grêmio com sete jogadores, o Náutico com 11. E ainda tinha um pênalti para ser cobrado. A torcida do Náutico já festejava a classificação para a Primeira Divisão. Ademar cobrou e Galatto defendeu para escanteio. Aos 63 minutos, Anderson escapou pela esquerda, driblou Batata na velocidade e foi derrubado. O zagueiro foi expulso.


Na cobrança da falta, Marcelo encostou rapidamente para Anderson, que se aproveitou da desatenção da zaga, invadiu a área e, com muita categoria, desviou do goleiro, marcando um gol inacreditável. Depois, o Náutico, parecendo atordoado, tentou de maneira desorganizada o empate.




Náutico 0
Grêmio 1
Rodolpho
Galatto
Bruno Carvalho (Miltinho)
Patrício
Tuca
Domingos
Batata
Pereira
Ademar
Escalona
Cleison
Nunes
Tozo (Betinho)
Sandro Goiano
David (Romualdo)
Marcelo Costa
Danilo
Marcel (Ânderson)
Kuki
Ricardinho (Lucas)
Paulo Matos
Lipatín (Marcelo Oliveira)
Téc.: Roberto Cavalo
Téc.: Mano Menezes


ÁRBITRO
PÚBLICO (RENDA)
Djalma Beltrami
Não divulgados



- Mais uma vez, faltou espírito de jogo em confrontos do Grêmio com os pernambucanos. Se tudo começou com um vestiário do Olímpico sem água para o Santa Cruz, o problema seguiu em Recife. Os foguetórios, marcas registradas dos últimos duelos, mais uma vez deram as caras. Mas dos dois lados. Dessa vez, o Grêmio acertou com torcedores do Sport uma forma de atazanar a delegação do Náutico. Na madrugada de sexta-feira para sábado, uma bateria de fogos foi explodida em frente ao hotel onde eles estavam. No sábado, o Náutico não liberou o acesso nem mesmo dos goleiros ao gramado para realizar o aquecimento. A comissão técnica também reclama de que os pernambucanos teriam colocado produtos tóxicos no vestiário.

- De um lado, Pernambuco, do outro, o Grêmio. A Prefeitura de Recife patrocinou tanto Náutico como Santa Cruz para que a capital tivesse dois representantes na Série A em 2005. Os torcedores, quando chegavam ao estádio no sábado, eram presenteados com apitos e bandeiras que de um lado tinham a bandeira do estado e do outro o escudo do clube. Minutos antes da partida, com os apitos soando, a impressão era de que o Grêmio jogaria no inferno. O espírito de união entre os dois times da capital pernambucana também foi visto no jogo, quando o alto-falante informou nos Aflitos o gol do Santa Cruz e houve comemorações nas arquibancadas, com direito a coro de 'Pernambuco! Pernambuco!'. A resposta do lado azul foi imediata: 'Sul! Sul! Sul!'.


A batalha



Um pouco antes, Escalona havia colocado a mão na bola e sido expulso pelo árbitro Djalma Beltrami. Chegou a motivar um grito de 'Esse cara é um animal!', do preparador de goleiros Francisco Cersósimo. Mas até aí, dentro de campo o clima não era de violência. Então uma bola foi cruzada do lado esquerdo do ataque do Náutico e bateu no cotovelo de Nunes. O pênalti marcado deu início a uma confusão que terminou 26 minutos depois, com direito a três expulsões, conflitos com a Polícia, invasão de dirigentes, de torcidas e por fim, de um milagre.


Tão logo soou o apito de Beltrami para marcar o lance, os jogadores partiram de imediato contra o árbitro. Patrício foi um dos primeiros. Sem medir a força, deu um peitaço no árbitro, que chegou a ir para trás com o impacto. Acabou expulso na hora. Depois foi Nunes que teve o mesmo destino, por reclamação. As discussões continuaram e a Polícia Militar invadiu o gramado. Patrício tentou ficar na frente de um deles e acabou derrubado. Foi a senha para a invasão da direção.


O auxiliar técnico Sidnei Lobo reconheceu o ex-presidente Luís Carlos Silveira Martins, Cacalo, no meio da confusão e pediu para que ele ajudasse a controlar o lateral Patrício e o levasse para o vestiário. Cacalo só conseguiu depois de agarrar o jogador com uma gravata no pescoço. 'Pode ficar tranqüilo, que aqui ninguém vai bater em jogador do Grêmio', disse o dirigente, acalmando o jogador.


Trabalho também passou o próprio Lobo para controlar o zagueiro Domingos. Expulso depois de dar um tapa na bola, quando ela estava nas mãos de Beltrami, o jogador foi retirado para o vestiário. Inconformado, ele gritava e chutava quase tudo o que via pela frente. Não teve medo nem mesmo de encarar um policial militar que tentou impedir o retorno dele ao gramado. 'Que foi? Não vai deixar eu voltar?', disse.


Em meio à confusão envolvendo os jogadores, dezenas de torcedores do Náutico foram atendidos por equipes médicas atrás do gol defendido por Galatto. Muitos passaram mal depois de uma confusão nas arquibancadas, onde houve corre-corre e agressões.


As brigas e as discussões foram apenas o capítulo final de uma semana na qual o foco para Grêmio e Náutico esteve quase que sempre voltado para as questões extracampo, como a preocupação dos dirigentes em evitar que as torcidas de Pernambuco estourassem foguetes no hotel do Grêmio, na região da Grande Recife.


Um comentário:

  1. Dizem que quando deixamos a vida, se passam flashes do que vimos e do que vivemos, esse feito heróico do time que eu amei durante toda a vida, estará entre eles.

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