
A equipe paulista entrou em campo apavorada pelos gritos ensurdecedores da torcida gremista e tomou o primeiro gol aos 2min. Depois de um passe de Zé Alcino, Paulo Nunes bateu forte de pé esquerdo, marcando seu décimo sexto gol no Brasileiro.
Ele terminou a competição como artilheiro do campeonato, ao lado de Renaldo, do Atlético-MG. Tomar um gol no começo era tudo que o técnico Candinho mais temia. E isso se provou no fim. Sua estratégia de valorizar a posse de bola e explorar rápidos contra-ataques com Alex Alves e Rodrigo não funcionou.
O Grêmio marcava a saída de bola, enervando os zagueiros César e Emerson, e não deixava o time paulista respirar. O lateral-direito Arce, que atuou sentindo uma contusão, era a principal arma ofensiva da equipe gaúcha. O primeiro chute a gol da Portuguesa só aconteceu aos 15min, com Rodrigo.
Mas o domínio do Grêmio foi completo. O time cobrou 13 escanteios só no primeiro tempo e exigiu, pelo menos, três grandes defesas de Clêmer. Aos 46min, César, de cabeça, salvou o que seria o segundo gol. No segundo tempo, a ansiedade do Grêmio em fazer o gol e a impaciência da torcida tornaram o jogo melhor para a Portuguesa.
O time passou a organizar perigosos contra-ataques, sem oferecer espaços em sua defesa. Mas, aos 39min, todo o esforço foi por água abaixo. Numa rebatida da defesa, Aílton, que acabara de entrar, acertou um belo chute, garantindo o título para o Sul.
GRÊMIO 2
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PORTUGUESA 0
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DANRLEI
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CLEMER
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ARCE
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VALMIR
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RIVAROLA (LUCIANO)
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ÉMERSON
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MAURO GALVÃO
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CÉSAR
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ROGER
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CARLOS ROBERTO (FLÁVIO)
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DINHO (AÍLTON)
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CAPITÃO
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GOIANO
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GALLO
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EMERSON (ZÉ AFONSO)
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CAIO
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CARLOS MIGUEL
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ZÉ ROBERTO
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PAULO NUNES
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ALEX ALVES
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ZÉ ALCINO
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RODRIGO FABRI
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Téc.: LUIZ FELIPE SCOLARI
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Téc.: CANDINHO
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ÁRBITRO
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PÚBLICO (RENDA)
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MÁRCIO REZENDE DE FREITAS
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54.112 (R$ 502.151,00)
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Sangue Azul, por Juca Kfouri
O Olímpico é um oceano azul banhado pela mais bela luz deste país, o sol que se põe na capital gaúcha.
Tudo pronto para fazer a nau lusitana afundar em alto mar.
O primeiro torpedo vem do comandante Paulo Nunes, nem bem a batalha havia começado. O artilheiro não estava mesmo ali por acaso.
A intranquilidade toma conta da tripulação do Canindé, que acusa o golpe e bate cabeça, o que era natural.
O capitão Capitão, mais que uma redundância, um herói, berra com César. Ave, César, que susto!
"Grêmiôôô, Grêmiôôô", o grito de guerra inunda o palco do combate.
Ave, Caio, quase! Danrlei defende o indefensável.
O menino Rodrigo vira gigante, a Lusa cresce.
Por todos os lados, os gremistas atacam, atacam e atacam.
As escaramuças se sucedem em cada convés, como não convém mas é inevitável.
Clêmer salva a pátria-mãe novamente.
O mais argentino dos times brasileiros, que seria campeão até na Alemanha, tem dois paraguaios para ajudar a evitar que o toque africano rubro-verde faça o vira que vale o troféu.
O mundo da bola gira eletrizante no sul do Brasil.
Navegar é preciso, viver não é preciso. O arqueiro Clêmer sobe. E desce. E sobe.
Caía a noite. Era hora de ajustar as bússolas. Estava tudo justo e nada resolvido. Piscava a segunda estrela mosqueteira. E a primeira portuguesa.
Batalha reiniciada, os piratas aparecem de preto e amarelo. Uma bandeira mal içada impede que a vela lusa infle em direção à meta adversária, na arrancada de Rodrigo.
A luta é por cada palmo de espaço. Emerson pela esquerda, Zé Alcino pela direita, o segundo míssil ronda o casco português.
Rodrigo perde chance, o Grêmio perde o grande Rivarola, o que, para quem já não tinha Adílson, não é pouca coisa.
"Grêmiôôô, Grêmiôôô", a massa queria jogar.
Os piratas reaparecem, agora contra o Grêmio, que busca força sabe-se lá de onde, tão visível é o desgaste de sua gente.
Aí, Aílton, sangue novo, nobre, fulmina sem piedade e inunda o porto de alegria.
Justa alegria, Grêmio grande campeão.
E porque tudo vale a pena se a alma não é pequena, a Lusa é uma enorme vice-campeã.
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