Escalações, dados, matérias detalhadas sobre as partidas do Grêmio completas a partir do ano 2000 | Matérias: Acervo digital do jornal Correio do Povo (www.correiodopovo.com.br) e outras retiradas da Internet

15/12/1996 - Campeonato Brasileiro (Final): Grêmio 2x0 Portuguesa

Grêmio é campeão


A equipe paulista entrou em campo apavorada pelos gritos ensurdecedores da torcida gremista e tomou o primeiro gol aos 2min. Depois de um passe de Zé Alcino, Paulo Nunes bateu forte de pé esquerdo, marcando seu décimo sexto gol no Brasileiro.

Ele terminou a competição como artilheiro do campeonato, ao lado de Renaldo, do Atlético-MG. Tomar um gol no começo era tudo que o técnico Candinho mais temia. E isso se provou no fim. Sua estratégia de valorizar a posse de bola e explorar rápidos contra-ataques com Alex Alves e Rodrigo não funcionou.

O Grêmio marcava a saída de bola, enervando os zagueiros César e Emerson, e não deixava o time paulista respirar. O lateral-direito Arce, que atuou sentindo uma contusão, era a principal arma ofensiva da equipe gaúcha. O primeiro chute a gol da Portuguesa só aconteceu aos 15min, com Rodrigo.

Mas o domínio do Grêmio foi completo. O time cobrou 13 escanteios só no primeiro tempo e exigiu, pelo menos, três grandes defesas de Clêmer. Aos 46min, César, de cabeça, salvou o que seria o segundo gol. No segundo tempo, a ansiedade do Grêmio em fazer o gol e a impaciência da torcida tornaram o jogo melhor para a Portuguesa.

O time passou a organizar perigosos contra-ataques, sem oferecer espaços em sua defesa. Mas, aos 39min, todo o esforço foi por água abaixo. Numa rebatida da defesa, Aílton, que acabara de entrar, acertou um belo chute, garantindo o título para o Sul. 

GRÊMIO 2
PORTUGUESA 0
DANRLEI
CLEMER
ARCE
VALMIR
RIVAROLA (LUCIANO)
ÉMERSON
MAURO GALVÃO
CÉSAR
ROGER
CARLOS ROBERTO (FLÁVIO)
DINHO (AÍLTON)
CAPITÃO
GOIANO
GALLO
EMERSON (ZÉ AFONSO)
CAIO
CARLOS MIGUEL
ZÉ ROBERTO
PAULO NUNES
ALEX ALVES
ZÉ ALCINO
RODRIGO FABRI
Téc.: LUIZ FELIPE SCOLARI
Téc.: CANDINHO




ÁRBITRO
PÚBLICO (RENDA)
MÁRCIO REZENDE DE FREITAS
54.112 (R$ 502.151,00)


Sangue Azul, por Juca Kfouri


O Olímpico é um oceano azul banhado pela mais bela luz deste país, o sol que se põe na capital gaúcha. 

Tudo pronto para fazer a nau lusitana afundar em alto mar.

O primeiro torpedo vem do comandante Paulo Nunes, nem bem a batalha havia começado. O artilheiro não estava mesmo ali por acaso.

A intranquilidade toma conta da tripulação do Canindé, que acusa o golpe e bate cabeça, o que era natural.

O capitão Capitão, mais que uma redundância, um herói, berra com César. Ave, César, que susto!

"Grêmiôôô, Grêmiôôô", o grito de guerra inunda o palco do combate.

Ave, Caio, quase! Danrlei defende o indefensável.

O menino Rodrigo vira gigante, a Lusa cresce.

Por todos os lados, os gremistas atacam, atacam e atacam.

As escaramuças se sucedem em cada convés, como não convém mas é inevitável.

Clêmer salva a pátria-mãe novamente.

O mais argentino dos times brasileiros, que seria campeão até na Alemanha, tem dois paraguaios para ajudar a evitar que o toque africano rubro-verde faça o vira que vale o troféu.

O mundo da bola gira eletrizante no sul do Brasil.

Navegar é preciso, viver não é preciso. O arqueiro Clêmer sobe. E desce. E sobe.

Caía a noite. Era hora de ajustar as bússolas. Estava tudo justo e nada resolvido. Piscava a segunda estrela mosqueteira. E a primeira portuguesa.

Batalha reiniciada, os piratas aparecem de preto e amarelo. Uma bandeira mal içada impede que a vela lusa infle em direção à meta adversária, na arrancada de Rodrigo.

A luta é por cada palmo de espaço. Emerson pela esquerda, Zé Alcino pela direita, o segundo míssil ronda o casco português.

Rodrigo perde chance, o Grêmio perde o grande Rivarola, o que, para quem já não tinha Adílson, não é pouca coisa.

"Grêmiôôô, Grêmiôôô", a massa queria jogar.

Os piratas reaparecem, agora contra o Grêmio, que busca força sabe-se lá de onde, tão visível é o desgaste de sua gente.

Aí, Aílton, sangue novo, nobre, fulmina sem piedade e inunda o porto de alegria.

Justa alegria, Grêmio grande campeão.

E porque tudo vale a pena se a alma não é pequena, a Lusa é uma enorme vice-campeã.


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